Tempos de Intolerâncias
Edmar Ribeiro
Literatus, 08/04/2019
A história da humanidade teve em seu caminho várias frentes construídas pela ação do homem, obviamente, com tempos de guerras e paz e raríssimos os períodos em que os conflitos não ocorressem de forma mais contundente em qualquer um dos continentes. Na melhor das hipóteses, ações armadas de cunho político se estabeleciam, com atentados e manifestações que virtualmente são comumente denominados atos terroristas. Na atualidade são ainda assim adjetivados, a depender do interesse econômico do poder que dissemina tal ideia, mas esse raciocínio desmorona-se a partir da verdade que países fabricantes de materiais bélicos - inclui-se EUA, Russia e Brasil*, também são merecedores da mesma qualificação ao aparelhar os lados de quaisquer conflitos. No entanto, são ações manifestamente políticas com doses invariavelmente atrozes e assustadoras ante aos olhos das populações ao redor do planeta.
Hoje vivemos os mesmos tempos e, no entanto, com a inserção da internet no cotidiano, as pessoas sem vozes no passado podem manifestar-se livremente, sejam por meio de comentários, sejam por meio de postagens compartilhadas na identificação de ideias que circulam a todo momento e saltam às telas dos computadores pessoais e smartphones ou similares.
Desse modo, a disponibilização da tecnologia favoreceu o florescimento das opiniões características inerentes e distintivas das pessoas, oportunizando assim, a pluralidade de pensamentos. Decorreu-se, todavia, um deserto das mais variadas manifestações que, via de regra, superficiais de assuntos de toda ordem nas mídias e redes sociais, favorecidos em alguns casos pelas limitações do uso de caracteres como no caso do twitter. Germinava-se a intolerância explícita e a aceitação daquilo que não se deseja ouvir ou ver quando diversa do modo de pensar de cada indivíduo derivou-se para ofensas, insultos e ameaças de forma generalizada, desde um cidadão anônimo à figura pública.
A proliferação de informações falsas - fake news - encontrou na internet o terreno fértil e a difusão de mentiras se instalou representando perigoso caminho para a manipulação em massa. O protótipo é Donald Trump e particularmente no Brasil as eleições presidenciais foram a amostragem da força da mentira difundida que, não obstante, trata-se de um fenômeno universal, haja vista as recentes eleições nigerianas. No pós eleições por aqui a divulgação de rumores com intuito propagandísticos representam, sobretudo, desastrosas consequências históricas e o discurso de ódio, agressões e violência generalizada permeiam a grande rede que tem como protagonistas principais o presidente eleito e seu clã familiar que insiste na apologia da violência, haja vista as imagens de Bolsonaro pousando com armas em Israel.
Como tais atitudes afetam a população? O risco não é mais ligeiramente plausível e sim uma vigorosa realidade na qual a intolerância e o ódio permeiam a grande rede, instando a cada momento a lograr objetivos advindos de estratégicas conjunturas empenhadas em seus desígnios, estabelecendo-se as exibições ofensivas nas evidências monstruosas atuais e o fator preocupante reside nos portadores e postadores de mensagens carregadas de rivalidades num campo fecundo de insatisfações relativas às questões socioeconômicos que de fato é a pedra basilar causadora do desconforto que faz ressoar agressões verbais nas redes sociais.
Ora, atos peculiares de pessoas com asseverações radicais associados a uma linguagem incendiária como aquela utilizada nos posts de Olavo de Carvalho, mentor dos Bolsonaros, revelam que o momento atual é caracterizado pela ausência da compreensão do diálogo, cabedal básico para convivência humana, que requer a tolerância como condição primordial ao aprimoramento civilizatório - A CONTINUAR ASSIM, ESTAREMOS PRONTOS PARA OS RETROCESSOS.
*Brasil exporta ao Oriente Médio e Ásia alguns dos melhores lançadores de foguetes do mundo.